sábado, 4 de abril de 2009

Adolescência

Meus "anos dourados", como dizem os poetas, podem ser dividos em momentos de desespero, angústia,solidão, incompreensão, descobertas, euforia, decepções e todos os mais diversos tipos de observação aos olhos observáveis de quem postulou adolescência.
Fui uma adolescente rebelde, não por opção, mas por não estar dentro dos padrões "normais" de uma adolescente.
Eu gostava de ficar em casa lendo e ouvindo música, coisas que os outros adolescentes da minha idade raramente faziam. Eu tinha medo, muito medo do mundo lá fora e medo de decepcionar as pessoas da minha família que sempre esperavam o melhor de mim. Nem sempre pude dar o melhor de mim para eles, ou melhor, eu dava, só que o meu melhor ainda não era o esperado, não pelos meus pais, mas pelos tios e primos que se eu pudesse apagar da minha adolescência, apagaria.
Quando consegui libertar-me desse estigma familiar já se havia passado vários anos da minha adolescência e me deixaram sequelas que até hoje ainda guardo comigo.
Fui me descobrindo aos poucos, lá pelos meus dezessete anos, e conseguia do meu jeito complicado ter momentos de felicidade que trago em minha memória e em meus escritos como relíquia.
Nem sempre eu escolhia o caminho certo e quebrava a cara como uma empregada desastrada que a cada arrumação de cozinha quebra uma louça. Nessas épocas eu me recolhia e voltava aos livros, músicas e meu violão, arranhando nas cordas as minhas mágoas, decepções. O engraçado é que eu nunca desistia e era como um ciclo vicioso.
Lembro-me de ter ouvido numa dessas vezes em que desaparecia uma "colega" dizer:" _ sumida, mas sempre comentada."
Acho que era essa mesmo a minha intenção.
Amei muito na minha adolescência, mas, mais da metade das pessoas que amei nunca souberam que foram amadas por mim. Essa é uma história à parte.
Meu primeiro amor morreu de acidente de moto antes mesmo do primeiro beijo, acabei beijando o irmão dele, atitude que me deu uma fama horrorosa. Horrorosa para os outros, para mim era completamente natural, aliás, para mim, era natural quase tudo.
Meu segundo amor durou séculos de dor, mas eu era persistente e só acabei com ele definitivamente aos vinte e poucos anos, depois de terminado meu primeiro casamento.
Sabe aquela coisa de querer pagar pra ver? Pois é, paguei e vi que era mais um conto de fadas da minha cabeça do que qualquer verdadeiro conto de fadas dos livros.
O meu terceiro amor deu-me tudo o que eu queria e procurava, era a pessoa mais linda do mundo, foi uma das
histórias, que se contada, das mais lindas que já vi. Mas todas as histórias assim também têm um fim e quando chegou o fim esse meu amor levou-me tudo, tudo mesmo...
Depois disso, resolvi levar minha vida na "flauta", esqueci-me um pouco do meu violão e seguia despudoradamente o som do violão que soasse melhor aos meus ouvidos. Dancei muito ao som de vários violões e também dancei, no sentido de "quem não dança, dança".
Dançar faz parte da adolescência, tudo faz parte.

Cláudia - em um dia qualquer do ano de 2004 -




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