segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sentido Obrigatório


Eu só tomo a Avenida Sete
quando não há outra maneira,
pois lá me sinto estrangeira.
Jamais vou pelas calçadas...
Sigo junto ao meio-fio,
lado oposto ao casario,
os olhos postos no chão...
Que é dos cachorros da rua?
E as crianças, onde estão?
Estala a língua do safalto
um monocrômico não...
não, aos jogos de boleba,
não, às rodas de pião...
Se ando pela Avenida Sete,
o suor me encharca os pés,
meu coração se confrange,
fico transida de medo.
De não sei onde, adivinho,
sou apontada com o dedo!
E se alguém me reconhece
e pede conta dos sonhos
que eu, outrora, ousei sonhar?
Como lhes contar que o álbum
não contém nenhum recorte?
Meu Deus, como lhes contar?
Tenho em mim que a Avenida Sete
é uma rota de alto risco
caminho que nunca escolho.
Se ando pela Avenida Sete,
quase sempre me acontece
cair-me um cisco no olho.

C. Guerra - 18/02/08 -

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