domingo, 3 de fevereiro de 2008


Angra dos Reis, 18 de agosto de 1987.

Eu falei que só iria escrever semana que vem, mas foi impossível ler a sua carta sem sentir uma enorme vontade de apertar o seu pescoço. Desisto, definitivamente, EU DESISTO!
Parece até que eu passei o final-de-semana inteiro falando grego. Exatamente as coisas que eu perguntei e você levou uma hora pra responder... ... e não respondeu, que você escreveu na carta. Uns três ou quatro assuntos diferentes (se tiver o rascunho, dá uma olhadinha).
Eu não entendo como uma pessoa pode ter as idéias formadas na cabeça e fazer de conta que nem pensou no assunto. Cê conseguiu até voltar pra Cambuci com as nove (me dei ao trabalho de contar) dúvidas que você tinha há pelo menos duas semanas atrás.
As minhas coisas, normalmente, não ficam pro dia seguinte. Eu paro pra pensar em você, por exemplo, e fico rindo sozinho, é só tranqüilidade... ... enquanto você fica aí cheia de interrogação na cabeça ?#*¨?^&?x
Dizem que a linguagem escrita é uma fonte de mal entendido. Pode ser que seja verdade e que você não esteja entendo nada do que eu tô querendo dizer e nem eu o que você escreve. A verdade é que não podemos desperdiçar os raros momentos de bate-papo. Deu pra entender?
Eu desisto. Eu desisto de querer fazer você ser de outro jeito, além do mais eu não vou gostar menos de você por causa disso. O único problema é que eu tenho que me virar do avesso pra te entender.
É claro que minha intenção não é deixar você preocupada. Se eu pudesse colocar no papel as entoações e o jeito de falar, certamente você iria achar graça do que eu falei lá em cima

O fim-de-semana foi ótimo, apesar da Baía da Guanabara.
Vê se consegue aparecer por aqui, pelo menos em setembro. Acho que sete de setembro é uma boa, feriadão.
Qual foi a opinião da sua mãe sobre sua vinda a Niterói? Cê acha que dá pra vir novamente?
Como estivemos juntos há dois dias atrás, já não tenho mais o que falar (falei pessoalmente, e você?)
Espero que a gente se encontre em breve. Se depender só de mim, nos veremos em outubro.
Quanto às “nove perguntinhas” que você me fez (na carta, é claro) eu não vou responder nenhuma delas, só de sacanagem.

Te adoro, abraços e beijinhos sem ter fim... ... _ _ _ _ _ o

_ _ _ _ _ o em 18/8/87

Qualquer coisa, me liga.

Postarei mais umas duas ou três cartas suas, mas protegerei seu nome. Afinal, suas cartas sempre tiveram "seguro total quanto à terceiros"...
Quanto à carta, na época, eu pensei que já tivesse lido.

Cláudia – 03/02/2008 -

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