Niterói, 04 de novembro chuvoso de 1983.

Oi Dinha,
O céu está negro. Raios e trovões rasgam o céu desta cidade. Água que dá pra alargar todo o nordeste.
Como vai essa força? Recebeu carta da Lúcia?
Olha, esse mês fomos ao Canecão assistir ao show da Elba Ramalho. Foi uma beleza! E mês passado foi a vez da gente ouvir Zizi Possi aqui no teatro da UFF.
Em fevereiro vou para a selva Amazônica. Embarco no dia 10 e fico lá um mês. Vou fazer um estágio num Posto de Atendimento Médico em Oriximiná. Vamos no avião da F.A.B. Tudo pago pela Universidade. Acho que vai ser bom. Eu tenho um espírito assim meio desbravador, com vontade de conhecer as pessoas e os lugares de perto. Em janeiro tenho que me vacinar contra a febre amarela. Só tenho medo da malária, pois lá é zona endêmica. No carnaval ainda estarei nesse mato. Quem sabe, ensino índio a sambar?
Todos os domingos de sol a gente vai à praia. Por isso, estamos com a pele meio bronzeada. Cor de primavera.
Comprei um disco do Geraldo Azevedo. É muito bom!
Estou lendo Henfil e Chico Buarque.
Estaremos aí na formatura do Rosário. É o primeiro médico da família. De Cambuci para o mundo.
Torcendo muito pela eleição direta para presidente. O povo Argentino é de causar inveja a qualquer país do terceiro Mundo.
Do jeito que as coisas andam não vejo muita perspectiva para essa nova geração.
Um abraço do primo,

Wladimir Tadeu

Cláudia - 09/02/08 -